domingo, 15 de fevereiro de 2009

Escolhendo o grupo certo

Caros viciados em DnD e RPG's de um forma geral,



O post anterior (sobre traduções e livros em portugues e ingles) deu uma certa polêmica, e me fez pensar sobre "quais são as possiveis variaveis em uma mesa de RPG que podem fazer o seu jogo ir para o buraco?". Creio que infelizmente muitos de nós já passaram por essa experiência, então vamos dar uma olha neste fatores que podem gerar incompatibilidade entre "mestresXjogodores" e entre "jogadoresXjogadores".


Português X Inglês
Esse tema foi abordado alguns "clicks abaixo". Talvez seja um dos principais conflitos que exitam entre a Geração Xerox (quem começou a jogar nos anos 80, ainda sem versão dos livros em portugues) e a Geração Pátria Amada (aqueles que começaram a jogar nos anos 90 com a massifição do RPG e com o lançamento de vários produtos em portugues). Considero que o grupo precisa falar uma mesma lingua, ou se fala "will" ou se fala "força de vontade", por mais que se tratem da mesma coisa, é importante que a linguagem seja a mesma

Role Playing X Roll Playing
Existem grupos só querem saber de pancadaria, de forma que rolar um dado e tirar um 20 é o máximo que se pode fazer durante aquelas 4 horas sentadas numa mesa. Outros grupos adoram socializar com os NPC's e nem muito se importam com os status do personagem, desde que ele tenha uma história interessante. Muito se diz sobre o 4e, e diz que o DnD "saiu do armário" e retornou às origens de ser uma espécie de wargame. Isto é bom? Sim para quem adora um "Roll Playing"!

DnD X Gurps X Story Telling X Tantos outros....
No começo de tudo havia apenas o DnD....mas com o passar dos anos sugiram outros clones, alterações e evoulções. Sempre existem os seguidores fieis dos sistemas e isso gera uma rixa (nem sempre) saudável. Já joguei muito RPG...ADnD, DnD 3.x, DnD 4e, Vampire, Werewolf, Tagmar, Marvel Superheroes, Castle Falkenstein, WWII Homebrew ....dentre outros....entretanto nunca rollei um dado em GURPS, pode ser preconceito, rixa, ou o que seja, a verdade é que eu, com certeza dificilmente funcionaria em uma mesa de GURPS. Neste ponto o mestre é o dono da decisão, ele vai mestrar o sistema que achar mais interessante e conveniente para a história, entretanto se é um sistema que o jogador não gosta ou tem aversão é melhor nem sentar na mesa para rolar os dados, pois um jogador infeliz pode acabar com toda a mesa.

Open Roll X Screen Roll
Pode parecer bobagem, mas o simples fato de "onde" o DM rola os seus dados pode dizer muito sobre uma mesa de RPG. O normal é o DM usar o "Screen Roll", ou seja os dados são rolados atrás do screen/escudo e os PC's são apenas informados do que aconteceu, é o mais comumente usado, na prática o DM nem precisaria rolar dado algum, apenas direcionaria a história de forma que achasse melhor, "roubando" nas roladas de dado. Já o "open roll", onde o DM rola os dados na frente do grupo é um método mais justo, entretanto arriscado, poiso DM não pode roubar, nem para os monstros, nem para os PC's....então aquela ajudazinha divina, acaba deixando de existir.

Medieval X Moderno X Futuro
Esse quesito é muito atrelado ao sistema, mas enquanto o sistema define o bloco de regras a serem utilizados, pensar na ambientação e sua localização espaço-temporal é também um fator crítico para que um grupo tenha sintonia com o DM e a mesa tenha sucesso em trazer diverssão a todos.

Estória X Realismo
O DM deve sempre também definir até que ponto o realismo deve afetar na estória (com E pois se trata do enredo, não dos fatos históricos). Já ouvir falar de mesas que afundaram porque o bárbaro (burro com o figurino manda) resolveu misturar enxofre com cocô de morcedo e mais alguams coisa para criar uma pólvora casaeira e explodir alguma coisa. Até que ponto o conhecimento fora do jogo dos jogadores pode afetar no andamento do jogo...eu mesmo já utilizei um barco virado para baixo como uma especie de submarino medieval....

IC X OOC
IC significa "in character" e o OOC (out of character). Isto quer dizer até que ponto os jogadores podem conversar entre si, e cometar sobre o jogo, sem que se seus personagens conversem entre si. Por exemplo: Deve-se permitir que se diga na mesa "Ô José, manda o seu ladrão vir para este quadrado aqui, porque assim no round seguinde nos podemos flanquer este cara". Eu particularmente acho que isso atrapalha a fluidez do jogo, entretanto eu permitira que o mesmo jogador dissesse: "Merkil Mão-Leve, ajude-me a enfrentar este oponente!". A diferença é que ao fazer isto o oponente sabendo que o ladrão poderia o flanquear poderia tomar uma ação defensiva e quebrar a estratégia.


Bom pessoal, por hora é só.

Esquei de algum fator? Já ocorreram conflitos nas suas mesas sobre estes temas? Qual é a melhor combição para vocês? - Postem e Comentem!

NC.

10 comentários:

  1. Sobre, open roll versus screen roll, eu vivo um constante dilema. De uns tempos para cá eu passei a rolar abertamente, puramente porque não queria mais ficar em pé para poder ver o mapa (estou ficando velho para isso). O grupo acabou ganhando em diversão, mesmo às custas de hit points: num encontro de RPG, eu rolei dois 20 no d20 *ao mesmo tempo*. Tirei até foto, mas os jogadores (desconhecidos) não teriam acreditado se não me tivessem visto rolar com os próprios olhos.

    Por outro lado, a "ajudazinha divina" é mesmo impossível sem dar aos jogadores a sensação de que são invulneráveis. Ontem eu fiz uma TPK no jogo de Dragonlance. Apesar disso, minhas últimas rolagens foram péssimas. Por algum motivo, parei de tirar bons resultados e comecei até mesmo a acumular "uns" nos últimos rounds -- algo que os jogadores não teriam acreditado e pensado que eu estava com dó de matá-los. O que acabou acontecendo MAS, se eles tivessem sobrevivido, não teriam pensado que a rependina mudança na sorte do DM fora acidental.

    ResponderExcluir
  2. Opa, curti as polêmicas, dão ótimos episódios também! :)

    ResponderExcluir
  3. Marcelo,

    Eu também não era adepto do open roll, mas de um tempos para cá senti que os PC's estavam maduros o suficiente para encarrar a verdade dos dados. Apenas algumas jogadas eu faço escondidas e pelos PC's (tipo stealth, sense motive, direction sense)...por que se eles souberem que eles fora ruim nos dados, podem tomar a ação totalmente oposta.


    Anand,

    fique a vontade para "copiar" o tema! hehe

    ResponderExcluir
  4. Na minha mesa é comum acontecer esses tipos de discussões. Grande parte da minha mesa sabe ingles, mas há alguns que não sabem, por isso eu me disponho sempre a ajudar e peço que meus outros jogadores façam o mesmo. Acho que é função do narrador evitar ao máximo esse tipo de coisa. Afinal, se rola mais discussão do que diversão, é pq o RPG não tá dando errado.

    Eu já fui adepto do Screen Roll, mas depois da galera chiar mto eu guardei para ocasiões especiais como batalhas contra Boss ou alguns testes de perícia essenciais. =P

    PS: Obrigado pelo comentário, adicionei seu blog no blogroll do meu =D

    ResponderExcluir
  5. Screen roll pra ouvir, observar e coisas do gênero sempre!

    Diminui inclusive a quantidade de OOC, problema sério na minha mesa ultimamente (meus jogadores alternavam entre modo storyteller completo - só interpretações drmáticas extremas - e modo 4th ed - pé na porta e soco na cara, mas depois de um certo jogador meio mala eles tão Roll Play total).

    A única coisa que tem resolvido o OOC ultimamente é jogar tudo atrás do screen e insistir com o jogador: "Diga sua ação que eu digo qual o teste que você tem de fazer", e dar penalidade de XP pra quem fala QUALQUER COISA OOC.

    ResponderExcluir
  6. PS.: Vc tá na minha lista de blogs agora :-P

    ResponderExcluir
  7. Eu curto um misto de Role Playing e Roll Playing, mas depois do jogador TOTALMENTE mala (meio mala sou eu) eu estou curtindo um pouco do estilo "eu ataco" de jogar.

    Na nossa mesa (o Tonho é meu mestre) ninguém é da geração xerox, mas o povo prefere os livros inglês, pra evitar coisas como "Matelo Gancho com Gnomo" e "Pantera Descoladora".

    Ah, só pra não ser o diferente, tás na minha lista de blogs também!

    ResponderExcluir
  8. Cara, muito pertinente esse texto! Já está fazendo parte dos blogs que acompanharei :)
    Abraços e espero que tenha gostado do nosso primeiro (e único-ainda) episódio. rs

    ResponderExcluir
  9. Bem em relação ao OOC as vezes é de sacanegem mesmo pq nosso mestre (tonho) de vez enquando surta e dá uma de "vamo ver o quando os PCs duram" daí não tem jeito!

    Mas acho que o principal são os jogadores e o mestre serem coerentes com o sistema (não importa qual seja ele) com as história e principalmente com os PCs. Acho tb que uma forma de evitar problemas e não permitir tendencias opostas na mesma mesa (bom e evil).

    Uma das regras principais e evitar certos tipos de jogadores, como um recente mala que estragou uma campanha nossa. Acho que quando os jogadores são amigos ajuda muito na fluencia do jogo.

    ResponderExcluir
  10. Ah! mais uma coisa. Em relação ao IC e o OOC as vezes o problema é uma marca que o D&D carega consigo que é o de Wargame em tabuleiro e não de RPG (olha a polemica!!!). Daí o que acontece os jogadores se sentem na liberdade de não interpretar, mas sim de usar taticas de arena para potencializar o combate. Quantas histórias não ouvimos ou mesmo presenciamos de jogadores que simplesmente matam de destroem qq coisa que se mexa pelo tão sagrado nectar(XP)! Infelizmente isso é uma "maldição" que o D&D carrega desde a 3.0 e que ficou mais acentuada ainda com a 4ed.
    Mas antes que me apedrejem quero dizer (como falo com meus amigos de mesa) que não importa como e para que o sistema foi criado, mas sim como nós o usamos, afinal não passa de um sistema uma forma de padronizar tudo.

    ResponderExcluir